Voluntariado - Exército

quarta-feira, junho 22, 2005

Século XXI, III Milénio, Era do Conhecimento.

O maior desafio que se coloca ao Exército Português, deste tempo, é conseguir perceber a mudança que o envolve e facilitar a fluência de informação.
Com o fim do Serviço Efectivo Normal – SEN, mais conhecido como SMO, passou-se no Exército Português de uma sustentação em Recursos Humanos, baseada na conscrição, para um sistema baseado no Recrutamento de Voluntários.
Esta mudança de paradigma que se iniciou em 1991, vindo a consolidar-se em 19 de Novembro de 2004, traz consigo uma série de mudanças a nível de atitude de quem comanda que urge implementar.
O recurso humano conscrito, obedecia a uma selecção que não pode nem deve ser aplicada a um recurso humano voluntário, desde logo, porque o primeiro era obrigado a cumprir o serviço militar, enquanto que o segundo é voluntário para cumprir um serviço militar, que cada vez mais tem que ser diferente do serviço que era prestado pelo conscrito.
As suas expectativas não podem nem devem ser goradas, a prática da verdade é a base do sucesso do voluntariado, prometer só o que se pode cumprir é desde logo a essência fundamental de profissionalização de todo o sistema.
Enquanto que na conscrição não havia preocupação com o militar que passava à disponibilidade, o mesmo já não pode ocorrer no voluntariado, desde logo, porque a forma de prestação de serviço é diferente e porque para estes existe um sistema de Incentivos à prestação no Regime de Voluntariado (RV) ou Regime de Contrato (RC), que tem a preocupação de ser atractivo para recrutar, falha na aplicação de muitas das normas durante a prestação do serviço militar voluntário e não se preocupa em apoiar e acompanhar o necessário enquadramento social de quem acaba de prestar um serviço Voluntário ao País, servindo no Exército Português. Os mecanismos estão previstos mas não funcionam, os de acompanhamento após a prestação do serviço militar voluntário em qualquer dos Ramos das Forças Armadas, são da responsabilidade exclusiva da Direcção Geral de Pessoal Recrutamento Militar (DGPRM) do Ministério da Defesa Nacional, que desconhecem completamente quantos militares passaram à disponibilidade, muito menos se foram enquadrados profissionalmente na área pública ou privada da Sociedade Portuguesa ou outra.
Com este panorama, é completamente impossível, saber qual o ponto de situação em que se encontra a Profissionalização das Forças Armadas Portuguesas, tem-se trabalhado de forma reactiva ao invés de se trabalhar de forma pró activa, enquanto esta situação continuar Portugal tem razões, muito sérias, para se preocupar com as suas Forças Armadas.
Este espaço de debate, pretende propiciar uma dinâmica de ideias que venham a contribuir para um Voluntariado mais consciente, tanto da parte de quem comanda os Voluntários, como dos próprios em relação à Instituição, que tem a obrigação de propiciar o natural equilíbrio entre o Dever e o Direito de cada um destes cidadãos, que por uma motivação pessoal ou social, se prontificam a servir o Exército Português, como Voluntários.
Sabemos que é difícil satisfazer todos os pontos de vista, mas é possível ao Exército Português, melhorar as performances de Instrução, enquadrar cada militar de acordo com a sua formação militar e se for conseguido isto, a Profissionalização efectiva-se.
O Recrutamento e a Selecção devem elevar os parâmetros, no sentido de que só quem tem aptidão e qualidade real, pode entrar, ao contrário da prática. Quanto mais elevados forem os parâmetros de instrução e actividade militar contínua, maior será a vontade dos que têm qualidades inatas para a vida militar, em tomarem a decisão de assumir um desafio de qualidade e prestígio a que nem todos podem aceder.
Um Exército de excelência constrói-se no presente, mas para isso é urgente inovar a acção, neste mesmo presente.
Que atitude deve ter cada Voluntário que presta serviço no Exército Português, em primeiro lugar, deve estar bem informado há cerca da legislação que o abrange, em segundo lugar, deve ter um projecto pessoal bem definido e que seja exequível durante a prestação do serviço militar como Voluntário, ter consciência de que faz parte de um grupo que só terá capacidade de intervenção, se ele próprio der de forma inequívoca o seu próprio apoio a esse mesmo grupo que o representa.
Porque todos têm a sua opinião, fica o mote lançado, num tema que muitos podem abordar, mas só alguns podem contribuir para inovar, dizer mal é fácil, ajudar a melhorar, é o verdadeiro desafio.

9 Comentários

At 10:02 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

Profissionalização? Será correcto chamar de profissionais a um conjunto de homens e mulheres que se voluntariam para prestar serviço por um período máximo de 6 anos. Um futebolista profissional, tem uma carreira mais longa, ganha mais e tem mais beneficios sociais.

 
At 7:33 da tarde, Blogger O Veterano disse...

Profissionalização foi o melhor termo encontrado, para designar algo que prepara para uma profissão, nesta medida, só aqueles que estiverem conscientes poderão lá chegar.
Os Incentivos existem e para aqueles que os utlizarem de forma adequada, preparam um bom enquadramento profissional, ao contrário de muitos futebolistas, que se não fosse a ajuda do seu Sindicato, os benefícios eram quase nulos, como em tudo na vida, também no Exército os bons estrategas, são sempre bons profissionais, em qualquer área e os que estão com a sua Organização representativa, aumentam em muito o seu potencial.

 
At 1:13 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Comparar militares a futebolistas, mesmo que se trate de lógicas de carreira, ou de tentativas de apontar os limites operativos de um conceito (profissão) não me parece algo de muito sério. Estamos a falar por um lado de uma profissão que funciona como um mercado de entretenimento, e de outra que serve como garante da identidade e soberania do país. Agora que é preciso um debate sério sobre o conceito de profissionalização aplicado aos militares do RV/RC ninguém tem dúvidas, dado que o mesmo, visto numa optica de processo de mudança no funcionamento organizacional ou visto numa lógica individual tem características e essencias completamente diferentes. E a pergunta é: em portugal o que quer dizer profissionalização das Forças Armadas, a mim parece-me que se limita a uma mudança na forma de adesão dos RH´s o que é manifestamente pouco.

 
At 8:17 da tarde, Blogger O Veterano disse...

As comparações são o que são, salvaguardadas as naturais diferenças, já a seriedade está em quem vê e não em quem dá a sua opinião, porque essa hoje em dia já é livre, assim, se assumisse esta liberdae com mais e melhor responsabilidade.
O RV/RC também é uma oportunidade, poderá conter entretenimento e dar um contributo à identidade e soberania do nosso País.
Quanto ao debate Nacional, sobre o que é a Profissionalização das Forças Armadas, já se devia ter feito há alguns anos e muito antes do SEN ou SMO ter terminado, a classe política disso é imensamente responsável.
Essencialmente passou-se da utilização de uma mão de obra barata, para outra com a mesma estrutura e idêntico tratamento dos recursos humanos, que iniciam este processo com vencimentos mais perto dos de uma profissão, mas com os constrangimentos de um limite temporal de permanência - RV-7 anos, RC-6 anos.
Quanto à verdadeira Profissionalização das Forças Armadas, está tudo por fazer e vai continuar a estar, até ao dia em que os RV/RC do activo e da disponibilidade se decidirem a intervir neste processo de uma forma organizada e conjunta, até lá, organizem-se.

 
At 4:04 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Sou voluntário até ao dia em que me deixem de pagar...porquê?Porque sinto que pertenço a um circo, ao qual foi retirado o tecto, aguardo(eu e qualquer rv/rc) que o senhor do microfone nos anuncie, para a nossa brilhante entrada. Não somos nada, nem ninguém, apenas mão de obra barata, para uso e abuso daqueles que se imaginam detentores da verdade. Em oito anos de serviço, vi muita arrogância, falta de consideração e falta de respeito, por parte daqueles, que supostamente, deveriam ser o exemplo da excelência e zelar pela tão sublime soberania, de uma, há já muito extinta, grande intituição. Não podemos esquecer o facto de sermos tratados como insignificantes peças de um puzzle, no qual, não sabemos o dia de amanhã. Descubra as diferenças entre o que eu escrevi e o discurso de um vulgar habitante de Portugal antes do 25 de Abril. A revolução que fez com que nós pudessemos agir como seres humanos, foi feita "segundo se consta" por militares, então, porque é que nada mudou cá em casa? Não podemos viver e depender do passado, porque o futuro está aí. Mudem as mentalidades dos senhores da guerra, e depois sim, podemos falar de justiça, da nossa justiça! Só gostava de poder ser eu, coisa que não sou!

 
At 9:37 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Eu quero que se lixe a tropa. Os excelentissimos senhores oficiais dos quadros que fiquem com ela.Sou rc com muito orgulho, sabem porquê? Porque me vou embora desta palhaçada.

 
At 3:55 da tarde, Blogger O Veterano disse...

Não esquecendo que justiça, não é dar a todos de igual forma, mas a cada um segundo as suas necessidades, então, se as necessidades de cada um de nós, não estão a ser devidamente colmatadas, cada um de nós e todos nós, temos que fazer algo, que se denomina - tomada de consciência de um grupo que congrega, só no activo, cerca de 12 mil militares (RV/RC), esta realidade tem que nos obrigar a reflectir, porque enquanto cada um se vir fora deste conjunto, a mudança que cada um e todos queremos, jamais será conseguida.

Antes do 25 de Abril de há 30 anos, tínhamos que nos conformar, hoje, só os que resistem em assumir a sua liberdade com responsabilidade.
Temos de mudar o paradigma dos "outros" para o "nós", assim, o verdadeiro problema não se encontra no QP, mas no RC, porque não se assume de forma individual e conjunta como pertencendo a um grupo que se encontra numa situação profissional precária, que tem que ter capacidade de inverter, não só de forma individual, mas principalmente como grupo, as adeversidades.

Como exemplo, temos o próprio QP, que nos últimos dias nos têm mostrado, que por um lado, consideram que a sua situação profissional se está a degradar, por outro lado, mostram-nos organização na sua forma de luta, através da manifestação pública - (APA-Associação de Praças da Armada)com presença na rua de cerca de 2.000 militares, (AOFA-Associação de Oficiais das Forças Armadas) e (ANS-Associação de Sargentos), com actividades anunciadas para os próximos dias, em que os seus Associados aparecem no terreno a reforçar o apoio às suas organizações, demonstrando que são grupos de acção, constituídos por um número elevado de membros.

A pergunta que temos que fazer é esta, então e nós, vamos continuar como espectadores, continuando a não dar um apoio em massa, à nossa organização representativa?
Temos que parar com a queixa e com o lamento, passando de imediato à acção, conjunta e articulada por quem possui a experiência, mas possui muito pouca massa, para produzir resultados individuais e conjuntos que se vejam como satisfatórios.

Por outro lado, é muito triste ver que os que saem querem esquecer que estiveram no RV/RC, será esta uma atitude adequada? No momento a partir do qual tudo podem fazer, chamar circo à tenda que os acolheu, é manifestamente muito pouco e muito de uma atitude existente antes do 25 de abril de há 30 anos atrás.

 
At 3:40 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Sobre este comentário acima, informo que sou associado, não tenho medo de falar.É necessário a associação preccionar e mostrar á instituição do descontentamento do pessoal em RC/RV.Os poucos que somos temos que fazer mais, mostrar aos outros e numa tentativa de quase obrigar o pessoal a ser associado.Reconheço que a associação teem estado a ir ás unidades fazerem palestras, mas isso não basta. A associação tem de mostrar que está com pouca força e é necessario mais participação dos RC/RV, porque problemas temos todos nós, mas para os resolver á poucos.A associação tem de mostrar que precisa urgentemente dos contributos dos RC/RV. para assim sim sermos grandes. Gostava de ver a associação quando começou em Força nos seus principios, se calhar é isso que falta para o pessoal aderir, é um caso para refectirem também...

 
At 6:25 da tarde, Blogger O Veterano disse...

Assumir em pleno a condição de RC é um acto heróico, já preocupante é saber-se que existem RV/RC’s com medo de se assumirem como tal.

Não há nada para mostrar, porque é óbvio o que se está a passar e quem está descontente deve desenvolver uma acção individual tendente à demonstração desse sentimento.

Obrigar é uma estratégia que tem os seus inconvenientes, já ajudar a que cada um veja, é de potencial superior.

Já fizeste uma visita à Associação e indagaste junto de quem dirige, de que forma é que podes ajudar, numa nova acção, que vá de encontro ao teu desejo?

Esta como qualquer Associação, só tem peso com o apoio dos que ela defende, como tal, cada um que reflicta.

Tudo tem um princípio e uma evolução, o trabalho inicial lançou, mas para a evolução só com mais interessados em apoio prático.

A grande manifestação é assim de combate à nossa própria ignorância, através de uma nova postura de abordagem directa aos que conheces e não apoiam (vais perceber melhor de que massa estamos a falar) através da congregação de esforços, em que todos somos responsáveis por todos.

 

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