Voluntariado - Exército

quarta-feira, julho 06, 2005

Exército – Missão e Acção

O Exército através das suas Unidades e Órgãos, está implantado por todo o Território Nacional, incluindo as Ilhas. Como tal, tem necessidade de recursos humanos, que provêm não do recurso à conscrição, mas ao Voluntariado.
Esta mudança na forma de fazer face às necessidades de recursos humanos, criou um problema à gestão destes mesmos recursos humanos, no Exército.
Anteriormente, quando qualquer jovem em idade de ser mobilizado para a prestação do serviço militar, que era obrigatório, em que todos eram abrangidos, fazendo com que a Instituição Militar se permitisse seleccionar os melhores o que propiciava a quantidade a baixo custo.
Embora fosse dada a todos formação militar, destes muitos, após a instrução e com uma especialidade militar ou não, eram distribuídos pelas Unidades e Órgãos do Exército para a execução das mais diversas tarefas, desde limpeza, jardinagem, entre outras, que nada tinham a ver com a formação militar que tiveram e teve os seus custos inerentes.
Podemos perguntar se este tipo de gestão dos recursos humanos, era ou não correcta?
Tendo em consideração o modelo e a disponibilidade em quantidade, com qualidade pelo meio, dos conscritos seleccionados para prestar serviço militar, podemos considerar que esses recursos humanos eram utilizados de uma forma que podemos considerar correcta, salvo melhores opiniões.
Por um lado, todos se sentiam úteis, embora na maioria das vezes não percebessem bem o seu enquadramento, mas após a sua passagem à disponibilidade e ao fim de algum tempo, a grande maioria já demonstrava saudades recordando a sua Instrução como o período mais marcante da sua passagem pelo Exército, sendo este o período em que mais se encontravam ocupados e em acção quase contínua, esta particularidade deve obrigar-nos a reflectir.
Em primeiro lugar, ao nível da divulgação da vida militar e angariação de novos Voluntários, porque os que optam pela sua vinda para o Exército, fazem-no para algo que promete acção contínua, o que deixa de ser verdade após a instrução, na maioria dos casos, em segundo lugar, a facilidade e o passar do tempo em tarefas que muito pouco tinham de ser militar, após a instrução militar e especialidade dos conscritos, deve obrigar-nos a pensar, principalmente na forma de divulgar a prestação do serviço militar no Exército, divulgar facilidade e que é para todos, coloca o Exército em situação de quase colapso, no que diz respeito à qualidade no seu todo, daqueles que decidem experimentar algo que afinal é fácil e para todos, o que não é nem pode ser, porque se corre o risco de desvirtuar uma instituição que jamais pode perder o seu carisma, principalmente neste tempo de recurso ao voluntariado.
Por outro lado, no tempo do recurso à conscrição, todas as tarefas necessárias a desenvolver para o bom funcionamento das Unidades e Órgãos do Exército, eram executadas com maior ou menor brio, aproveitando-se bem a quantidade e a variedade de recursos humanos, que revertia em benefício do bom funcionamento do próprio Exército.
Com o fim da conscrição, desde logo, terminou a quantidade e variedade de uma “mão-de-obra” que na prática era “barata”, mas em constante rotação, o que permitia os ajustes necessários.
Esta mudança de paradigma alterou as circunstâncias seculares e hábitos que tardam em ajustar-se à nova realidade – Voluntariado no Exército.

5 Comentários

At 6:22 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

é certo que o problema da transformação que se está a operar nas Forças Armadas reside na rigidez da sua estrutura e na não adaptação da mesma às exigências da dite profissionalização. Os militares do RV/RC continuam a ser tratados, quer do ponto de vista humano, quer do ponto de vista da trajectória profissionalq ue lhes proporcionam, como eram os do SMO, só mudou a natureza do vínculo. Isto não é profissionalização, deve ser outra coisa qualquer que não encontro noutros países, este nossa tendência para inventar!!!
Mas temos também de ver as coisas pelo lado dos RV/RC que existem: que exigências têm feito á instituição? que desafios de enquadramento lhes colocam? pelo que conheço muito pouco. Estão todos à espera que apareça um general iluminado que tenha coragme de mudar as coisas, mas desses... não temos (os que sabem não querem e os que querem não sabem!!!)
Organizem-se, coloquem a instituição perante a exigência de vos tratar como profissionais.
Existe uma associação que nos representa e quanto mais força lhe derem, mais resultado ela consegue obter. Não copiem o velho hábito de encostar a barriga no balcão sem pensar no futuro, porque o RV/RC tem a duração de 6 anos. É certo que as Forças Armadas têm obrigações a cumprir nesta matéria, mas o futuro é pertença de cada um. Não é o responsável do recrutamento que fica desempregado se não acautelar o futuro somos todos nós. Por isso, organizem-se e o primeiro passo é a associação.

 
At 2:48 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Isto é tudo muito bonito por fora, mas quem está por dentro é que sabe.
Ora, quem escreveu este texto, logo se vê que não é contratado, mas sim do Quadro Permanente. logo só lhes importa números de voluntarios, mais nada.
Eu estive no exercito 9 anos 10 meses e 5 dias, tempo máximo. Estou actualmente no desemprego, foi o exercito e a lei que não quis que eu continuasse. Por isso não venham com desculpas que estamos a denegrir a instituição.
Profissionalização deve ser para o século XXII.
É urgente a própria instituição abrir os olhos, estão a afundar o navio sem saberem.
A lei dos incentivos não funciona correctamente.È necessário organizamos-nos, levar para a comunicação social um debate dos prós e contras.Isso é que era uma grande desafio para associação ANCE.Esta na altura de não termos medo, isto arrastasse há tempos e não á melhoras quase nenhumas.
É agora ou nunca, chega de brincadeiras, temos de dar a conhecer ao pessoal o que é a forças desarmadas.

 
At 5:22 da tarde, Blogger O Veterano disse...

Se fizermos uma análise de 1991, data de início de implementação do Voluntariado a par da Conscrição, nas Forças Armadas Portuguesas, que tinha como objectivo final, o fim da Conscrição e a vigência única do modelo com recurso exclusivo a Voluntários.

Durante este percurso, a Sociedade Portuguesa nunca foi informada, nem esclarecida sobre as verdadeiras implicações desta transformação, apesar de todo o espaço de tempo que o processo demorou a consolidar-se. Com a última etapa de mudança a iniciar-se no ano 2000, com a entrada em vigor da nova Lei do Serviço Militar (Lei Nº 174/99 de 21 de Setembro) que apontava 19 de Novembro de 2004, como o último dia de existência de Conscrição.

Assim ocorreu, mas mais uma vez, se reconhece que está tudo por fazer, com a agravante de que a Conscrição, já não existe, mas existe uma atitude para com os Voluntários que muito pouco mudou relativamente à atitude que se tinha para com os militares Conscritos.

Desde logo, se nota que o trabalho de casa ficou por fazer, porque as bases de sustentação do Voluntariado, não foram criadas, reagiu-se sempre ao surgimento dos problemas, ao invés do trabalho pró activo, isto traz uma série de problemas que não beneficia a Instituição Militar e principalmente aqueles que se fazem Voluntários para a servir.

A novidade disto tudo, passa pelo facto dos Voluntários se organizarem como grupo e acreditarem que tudo será possível, com um espírito solidário entre todos os que são Voluntários, até lá, o nosso destino vai continuar a ficar nas mãos de quem se continua a preocupar com estatísticas, em que o número é que é importante e não o Ser Humano que esse número representa, a alteração desta visão mesquinha, só será possível com trabalho organizado, em que a associação é uma oportunidade, confiando e apoiando, porque nos beneficia individual e colectivamente.

João – Não se precipite na análise e avaliação dos textos, porque quem escreve também conhece bem por dentro a Instituição, que lhe permitiu ficar 10 anos 10 meses e 5 dias, sem esquecer que podia ter ficado no Quadro Permanente, se tivesse feito o Curso de Sargentos na ESE ou o curso de Oficiais na Academia Militar.

Enquanto esteve na Instituição, os dias foram-se sucedendo, agora que está desempregado, lembre-se que não é o único, se recebeu o subsídio de integração e está a receber o subsídio de desemprego, agradeça-o à ANCE.

A solução não é contribuir para a destruição da Instituição Militar, mas para a sua melhoria, porque continuam a existir jovens interessados em serem Voluntários, como o foi o João, melhorar a oferta deve ser a nossa preocupação, o resto denomina-se egoísmo.

Empurrar os outros para a boca do lobo é muito fácil, principalmente quando o que é importante se denomina por trabalho solidário.

Se por parte dos Dirigentes da ANCE existir medo, então esta não existia, no entanto as normas estatutárias existem para se respeitar. A informação e o contacto directo tudo superam, assim tenhamos disponibilidade para tal.

 
At 9:58 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

Há muitas maneiras de estar por dentro da instituição o que leva a que existam muitas maneiras de se ser voluntário. A lei dos oncentivos pode ter falhas e não proporcionar tudo aquilo a que os militares têm direito, mas há uma falha que ela não tem e que se prende com a definição do tempo de permanência nas fileiras. Não vale a pena dizer que não possibiltaram a continuidade porque todos sabemos que a ligação de um contratado ás Forças Armadas tem um fim. Cabe a cada um, desde o primeiro dia, tomar consciência dessa situação e orientar a sua vida para a integração no mercado de trabalho, aproveitando o tempo da melhor maneira. Se a insituição não lhe permitir deve denunciar, não se pode é agarrar a ilusões de contratos de 20 anos. Utilizem a insituição da forma que a profissionalização enquanto conceito lhe permite.

 
At 7:52 da tarde, Blogger O Veterano disse...

É verdade que ser Voluntário na Instituição Militar, não é igual para todos, desde logo, pela diferença que existe dentro das Unidades, de Serviço para Serviço ou impedimento, sem esquecer que quem Comanda ou Chefia faz uma imensa diferença, porque está nas suas mãos cumprir os preceitos legais ou complicar o que é óbvio, exemplos destes sempre os houve, já acabar com estas situações, só uma postura nova em termos individuais e conjuntos, poderá marcar a diferença de que a maioria ainda não conseguiu ter a mínima percepção.

As Unidades Militares de Cidade, são mais benéficas à prestação de serviço em RV/RC, porque após horário laboral, oferecem mais oportunidades formativas propiciadas pela Sociedade Civil, a que os militares RV/RC podem e devem recorrer. Nesta matéria as Unidades de interior, afastam os RV/RC de oportunidades formativas propiciadas pela Sociedade Civil, porque simplesmente não existem, sem esquecer que o grau de operacionalidade da própria Unidade de colocação, também interfere nas opções do militar RV/RC. Assim, quando os militares RV/RC se queixam, por algum motivo, na maioria das vezes passa por estas assimetrias que são bem reais e constrangedoras, principalmente pela inexistência de Orientação Profissional, com a agravante da inexistência de qualquer gabinete a nível Nacional de apoio à integração na vida activa, salvo o trabalho que é prestado pela ANCE, nesta matéria.

As falhas nos Incentivos sempre existiram e vão continuar a existir, já diminuí-las depende de trabalho individual concertado e por sua vez integrado no colectivo, que é fundamentado num trabalho solidário ao alcance de cada um e de todos, desde que se disponibilizem e deixem de ver barreiras entre activo e disponibilidade. Porque uma vez militar, militar até ao fim da vida, querer ou tentar apagar este pedaço de vida como militar é impossível, basta aceitar, com a vantagem de poder utilizar os conhecimentos adquiridos e a amizade que estabeleceu com quem conviveu, podendo ser ampliado em apoio mútuo, que ao invés de custos traz benefícios, que já estão plenamente comprovados, basta ver os exemplos de quem já, o consegue fazer. Os Países mais desenvolvidos da Europa são um bom exemplo, sendo assim é nesse sentido que temos que caminhar e rapidamente, por mais estranho que pareça, a decisão é ao mesmo tempo individual e colectiva, porque estamos a falar de um grupo, os RV/RC, basta assumi-lo.

Os tempos de prestação de serviço estão bem definidos em Lei, RV - 7 anos de prestação de serviço, RC - 6 anos de prestação de serviço e os 20 – anos de contrato, quando a Lei for regulamentada, mas com a certeza, desde já, de que só será para alguns, em função da própria regulamentação, daí que os restantes vão ter que se preparar para uma boa integração – o tal fim anunciado.

A Orientação Profissional na Instituição Militar, já devia existir desde 1991, o mais estranho é que ainda hoje não existe, a DGPRM do MDN tem muita responsabilidade nesta matéria, até lá cada um que se oriente, se não conseguir sozinho, peça assessoria à ANCE, porque muitos dos seus Dirigentes já superaram essa dificuldade com sucesso, daí a importância do Associativismo, com necessidade ou sem ela devem aproximar-se da ANCE, porque se o não fizerem é perder oportunidades, que em muitos casos, só passam uma vez na vida, ou estamos preparados e rentabilizamos a sinergia gerada de forma conjunta, ou corremos até o risco de jamais virmos a saber que a oportunidade passou. O trabalho conjunto pode gerar novas oportunidades, que poderão ser rentabilizadas por quem de forma consciente e conjunta as gerou, assim a decisão é sempre individual, mas de enorme potencial conjunto. Estar no activo ou na disponibilidade é completamente indiferente, porque uma oportunidade é sempre uma oportunidade.

 

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