Voluntariado - Exército

quarta-feira, agosto 10, 2005

O Soldado a base de qualquer Exército

Quando a escolaridade mínima para acesso à categoria de Praça é o 6º ano de escolaridade e esse mesmo Praça, não tem motivação para ampliar as suas habilitações académicas, ou por outro lado, o seu serviço diário não lho permite, quando este Praça chega ao fim do tempo legal permitido por Lei, só lhe resta deixar a vida militar, perdendo-se assim, na maioria das vezes, um excelente militar e profissional, mas que o não pode continuar a ser no Exército Português.

Da categoria de Praças, só os que possuem ou adquirem habilitações académicas, podem candidatar-se ao Curso de Sargentos ou à Academia Militar, os que conseguem ser admitidos, passam a partir desse momento, a trabalhar no sentido de terminar cada formação com sucesso, para que possam aceder ao rol dos que atingem uma profissão que lhes dá a oportunidade de a desempenhar, até à reforma.

Assim, temos que quando nem todos podem aceder a um Quadro Permanente, como é o caso do Soldado do Exército Português, que fica pelo 6º ano de escolaridade, que lhe permitiu aceder ao Exército, mas que por vontade ou dificuldade pessoal não conseguiu expandir, traz consigo a constatação de que chamar Profissionalização das Forças Amadas Portuguesas, ao processo que ocorreu com o fim da Conscrição, em Portugal e implementação do Voluntariado, no caso do Exército Português, é completamente errado, pelo menos enquanto não existir um Quadro Permanente de Praças, a que este Praça se possa candidatar com o 6º ano de escolaridade.

O Regime de Contrato de 20 anos, que permita ao Praça com o 6º ano de escolaridade candidatar-se, embora não sendo Profissional até à reforma, pelo menos já pode ser semi-profissional, onde a designação de Profissionalização das Forças Armadas, não soará de forma tão desenquadrada, como nos dias de hoje.

A constatação de que afinal Portugal optou, por diversos factores, avançar para a Profissionalização das Forças Armadas Portuguesas, mas com muito pouco sentido de responsabilidade, a que não pode ficar alheia a classe Política e os próprios Militares.

Os primeiros, porque pressionados pelas Juventudes partidárias e restante população, que queria inovação na postura e acção dos militares e por isso têm vindo a desanimar com a sua prestação social, que deveria ser de mais visibilidade no combate às catástrofes naturais, prevenção do terrorismo, a par de prestações mais efectivas junto da própria população.

Os segundos, porque não têm conseguido adaptar-se às novas necessidades, em que a preocupação com a progressão pessoal e de todo o grupo do topo da hierarquia militar, é contrária à diminuição e flexibilização do próprio sistema de Forças, ou seja, fazer mais e melhor com menos recursos humanos, mas mais treinados, disponíveis e especializados para as verdadeiras necessidades do nosso tempo, em que o conhecimento a par da acção adequada, é o que cada vez mais as Forças Armadas Portuguesas têm que conseguir demonstrar ao serviço do País.

Um comando único, Terra, Ar e Mar, em que a interoperabilidade é a imagem de marca, é o caminho a seguir pelas Forças Armadas Portuguesas, rumo a uma Profissionalização das Forças Armadas, que de moderno, neste início de novo século, ainda tem muito pouco, os métodos arcaicos de trabalho têm que ser extinguidos rapidamente e implementados métodos actuais e impulsionadores de uma nova postura e coesão das próprias Forças Armadas Portuguesas, que tardam em impor-se.

2 Comentários

At 4:13 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Boas a todos!!!!

Eu estive na vida militar quase 10 anos como militar em RC, durante o qual fui sempre fazendo formação e acabei mesmo por conseguir obter graus académicos superiores.

É certo que nos incentivos do RV/RC promove-se o acesso a habilitações profissionais, mas meus amigos nem sempre as coisas são tão claras!

Como queria muito atingir determinados patamares fui sempre e sempre, com grandes dificuldades, atingindo as metas a que tracei, mas nem sempre é possivel, pois exige muito rigor e auto-disciplina e também muita boa vontade dos superiores.

Eu mesmo tive de lutar contra os "Velhos do Restelo" para conseguir... reconheço como tal que é um caminho doluroso.

Para mim, que era graduado e já com 12º antes de entrar foi assim, imagino para um Praça com o 6º Ano.

Caros amigos, a instituição já está em mudança e tem de mudar muito mais se pretende realmente trabalhar com profissionais competentes, uma vez que só com recursos humanos bem formados se atingem os objectivos.Parece-me que a instituição só se preocupa em recrutálos, depois...

Por outro lado também se assiste a uma incongruência por parte dos militares visados, pois não fazem o minimo de esforço para se enriquecerem profissionalmente! Têm de ser mais astutos!

A instituição terá num futuro muito próximo que ser mais atenta (pai e mãe)e aplicar-lhes regras mais rigidas, como faz nas escolas de Sargentos e Oficiais, para realmente obter RH´s de qualidade e com eficiência!

 
At 7:19 da tarde, Blogger O Veterano disse...

É de louvar que existam camaradas, que apesar das adversidades, que para a maioria são desculpa para desistir, outros, como é o caso, conseguem utilizá-las como combustível, por aqui se vê o que está mal na Instituição Militar, a atitude do interessado.

Enquanto, unidos não estivermos, o acesso à maioria dos Incentivos ao RV/RC, só para os que lutam com sacrifício pessoal.

Estar dependente da boa vontade dos superiores hierárquicos é natural, militarmente, já quanto aos Incentivos, é de lamentar, mas é possível inovar.

É verdade que os “Velhos do Restelo” continuam a existir, mas também é verdade que cada um de nós, por inércia, contribui para a sua intervenção pouco adequada ao novo modelo de Forças Armadas.

É óbvio que um Praça pelo lugar que ocupa na hierarquia, sempre foi pouco considerado, mas é possível alterar esta constatação, neste novo modelo de Forças Armadas, que de novo ainda tem muito pouco, basta a assunção de uma nova postura e tomada de consciência, demonstrando pela acção adequada a sua real importância, até que aqueles que têm que ver, vejam.

O Recrutamento tem sido preocupação, a Integração é nula, quem o devia fazer demite-se por inércia e falamos de forma directa da DGPRM do MDN, o pouco que tem feito tem saído quase sempre mal, pelo menos à primeira.

Os RV/RC independentemente da Categoria a que pertencem, cada vez mais, têm que se sentir e serem um só Corpo, agindo sempre em articulação conjunta, até lá, só com alguma sorte.

A Instituição Militar tem trabalhado muito por reacção e na verdade não valoriza minimamente os seus Recursos Humanos em RV/RC, tratando-os, ainda hoje, na maioria das vezes, como se fossem do “Serviço Militar Obrigatório”, esquecendo-se que estes também militares, têm que ser recebidos como Profissionais, responsabilizá-los como Profissionais e integrá-los durante e após como Profissionais, até lá, o marasmo actual, muito por inércia do interessado.

 

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