Voluntariado - Exército

quarta-feira, outubro 26, 2005

O Voluntário Inconsciente

Descobre as Forças Armadas, recebe alguma informação, faz poucas perguntas, não recorre a fontes de experiência, para uma informação avalizada da qual retire o melhor do que pretende atingir, não sabe para onde vai, mas pensa que sabe e é suficiente.

Apresenta-se nas fileiras, mas porque esteve pouco atento, vai passando pelas etapas da vida militar, como algo que tem que ser e por isso não questiona, nem se questiona tão pouco.

É pouco persistente, dizem-lhe que na tropa está tudo inventado e não adianta ter ideias novas, porque imensas barreiras se levantam, acredita que tem que se resignar, até porque desconhece o equilíbrio entre os deveres que lhe dizem que tem e os direitos que devia conhecer, mas também não se esforça para encontrar.

A sua energia inicial, com o tempo vai esbatendo-se, torna-se especialista em dar a volta ao sistema e o mais curioso é que acredita nisso, foge de si próprio, pensando que engana esse mesmo sistema, quando na realidade este é perene e tem que se enfrentar em consciência, porque a sua própria existência exige consciência nova.

Quando consegue raciocinar, dá conta que se tem andado a enganar, como já leva muito tempo no auto engano, é mais fácil continuar, até porque está indisponível para voltar a iniciar a caminhada de forma correcta.

Perde a noção da sua identidade e responsabilidade pessoal, na instituição e na própria sociedade, já assumiu uma identidade de cidadão com farda que pela contingência da vida, atrás de muros, ou vida de Quartel, tem dificuldade de relacionamento social.

Quando chega ao último dia da vida militar, não quer acreditar, mas a realidade é o que é e dela já não pode fugir, já não pode vestir a farda a que se habituou, porque foi a sua identidade e agora?

A inconsciência tem um preço demasiado pesado, mas é possível ser-se inovador, desde que se ouça os que foram o exemplo citado, porque se os conseguirmos ouvir, coisa que eles não conseguiram fazer, pelo menos os erros que eles cometeram já são evitáveis, esta é a mais valia da disponibilidade de partilhar e conseguir escutar com verdadeira atenção.

Em que patamar deste percurso estamos nós? Estamos a partilhar ou estamos a escutar?