Voluntariado - Exército

terça-feira, outubro 31, 2006

Exército estabilizou profissionalização

Título de artigo no Jornal de Notícias do dia 23 de Outubro de 2006, relativo à Cerimónia de Comemoração do Dia do Exército, em Évora.

O Chefe do Estado Maior do Exército, General Valença Pinto, garantiu que este ano foi estabilizada a profissionalização naquele ramo das Forças Armadas Portuguesas e foi mais além afirmando: “Ser um objectivo que pessimistas e nostálgicos presumiam condenado ao fracasso.”

Reconheceu também o elemento humano como o mais precioso e o mais sofisticado dos nossos recursos.

Dizemos nós: “Afinal a que tipo de estabilização se tem vindo a assistir?”

Claramente à custa de um Recrutamento que se tem preocupado com números e muito pouco com a qualidade ou adequada formação à função, mas que se afirma serem sofisticados.

Que sofisticação pode existir em recursos humanos que são angariados à custa de Marketing enganador, porque utilizado muitas vezes com recurso a elementos que apelam muito ao sentido de desafio da juventude, mas que esquecem a informação adequada e em locais que movimentam jovens carenciados de emprego, como é o caso dos próprios Centros de Emprego.

A própria selecção destes jovens, porque obedece a uma necessidade numérica, isto para que estatisticamente se tapem lacunas, o que não se coaduna minimamente com o adequado cumprimento da missão militar, com a agravante de que em picos de clara falta de recursos humanos, na selecção se repetem sucessivamente testes até que se aprovem por repetição e cansaço os recursos humanos em falta, incluindo neste rol os que vão fazendo sucessivas análises toxicológicas até que por persistência os resultados sejam de forma a que possam ingressar nas fileiras.

Dos que vão ficando no Exército, desde Janeiro de 2006 que ao passarem à disponibilidade, não lhes são pagas as prestações pecuniárias devidas pelo Regulamento de Incentivos.

A desmotivação alastra nas fileiras do Exército, porque as falhas são sucessivas no cumprimento do Regulamento de Incentivos relativamente e precisamente em relação a estes ditos recursos preciosos e sofisticados, mera retórica.

A incoerência é evidente e certamente que num espaço de tempo, não muito alargado, iremos ter bem visível o reflexo da verdade que por isso vai ser completamente impossível continuar a escamotear.

O mercado tem sido amigo do Exército, na medida em que os índices de desemprego em Portugal têm permitido às Forças Armadas usar e abusar desta infeliz circunstância, agora este estado social caótico não se irá certamente prolongar no tempo, aí virá ao de cima a realidade que apesar de já o ser, agora, será visível.

Discursar de uma forma aparentemente segura, num tempo de abundância de recursos humanos, esconde a verdade de quem a desconhece, que é ao que estamos a assistir.

Quando a abundância de recursos humanos necessitados for escassa, com a persistência sucessiva nos erros de Recrutamento e Selecção, não vai permitir por óbvias razões a continuidade deste tipo de discurso de camuflagem, que hoje é eficaz, embora só para quem desconhece a profundidade de funcionamento do Exército.